quarta-feira, março 28, 2007













Segundo a psicóloga Alaide Degani de Cantone, o Síndrome de Burnout é definido como uma reacção à tensão emocional crónica gerada a partir do contacto directo, excessivo e stressante com o trabalho. É caracterizado pela ausência de motivação ou desinteresse; mal-estar interno ou insatisfação ocupacional que parece prejudicar, em maior ou menor grau, a actuação profissional de alguma categoria ou grupo profissional.


É apresentado como forma de condutas negativas, como por exemplo, a deterioração do rendimento, a perda de responsabilidade, atitudes passivo-agressivas com os outros e perda da motivação, onde se relacionariam tanto factores internos, na forma de valores individuais e traços de personalidade, como factores externos, na forma das estruturas organizacionais, ocupacionais e grupais.
Podemos dizer que é uma resposta ao stress ocupacional crónico.
A Síndrome de Burnout pode trazer sérias consequências não só do ponto de vista pessoal bem como institucional; é o caso do absentismo, da diminuição do nível de satisfação profissional, aumento das condutas de risco, inconstância de empregos e repercussões na esfera familiar.
Alguns autores definem-no como uma das consequências mais marcantes do stress profissional, onde se destacam a exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional).
Inicialmente, a síndrome foi observado em profissionais que estavam predominantemente em contacto interpessoal mais exigente, tais como, médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciantes, professores, enfermeiros, funcionários de departamento pessoal, telemarketing e bombeiros. Actualmente as observações já se estendem a todos profissionais que interagem de forma activa com pessoas, que cuidam e/ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem técnicas e métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas a avaliações.
Entre os factores aparentemente associados ao desenvolvimento do Síndrome de Burnout destaca-se a pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com os
superiores, problemas de relacionamento com colegas ou clientes, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de cooperação da equipa.
A Síndrome de Burnout distingue-se do stress; envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho, enquanto o stress, surge normalmente como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente na sua relação com o trabalho.




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“…Estava, assim, consumida pelo trabalho, ou, como dizem os especialistas, em "burnout…"





Para a psiquiatra Maria Cristina de Stéfano, com base na sua experiência pessoal e também no diagnóstico dos seus pacientes, dizer que o stress contínuo causado pelo trabalho traz consequências sérias à saúde não é um exagero. Devido ao excesso de atribuições, pressão, preocupações e frustrações (provocadas pelo seu cargo de directora numa instituição particular de saúde) no final de 1 ano, acabou com uma inflamação na tiróide entre outras sequelas, bem como depressão. Estava, assim, consumida pelo trabalho, ou, como dizem os especialistas, em "burnout".
No caso de Maria Cristina De Stefano, a rotina de trabalho de até 14 horas diárias, reuniões intermináveis, dois filhos adolescentes para criar sozinha e a necessidade de cuidar da mãe recém-operada resultaram num cansaço crónico que evoluiu para insónia, mau humor permanente, uma crise de herpes e terminaram na inflamação da tiróide.
Depois de um ano de sofrimento, a psiquiatra descobriu que estava com "burnout" após ler um livro sobre a síndrome. Hoje, mantém apenas o consultório, deixou de trabalhar nas tardes de sexta-feira, pratica exercícios pelo menos duas vezes por semana, entrou num grupo coral e numa confraria de vinhos e faz trabalhos voluntários, tudo em busca de mais qualidade de vida.

"É preciso buscar ajuda e mudar", refere a psiquiatra.



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Síndrome de Burnout nos enfermeiro



“Um em cada quatro enfermeiros apresenta burnout no trabalho…”



A concepção de Burnout despoletou nos Estados Unidos em meados dos anos 70, para explicar o processo de deterioração nos cuidados e atenção profissional nos trabalhadores de organizações. Segundo Silva (2006), não existe um consenso quanto à definição desta síndrome, no entanto, não há dúvida que aparece no indivíduo como uma resposta ao stress laboral. Em 1974/75, Herbert Freudenberg observou que muitos dos voluntários com quem trabalhava em unidades de saúde, ostentavam uma perda gradual das emoções, da motivação e do empenhamento acompanhado de sintomas físicos e mentais, notando um específico estado de exaustão. Tratava-se, segundo Freudenberg, de gente idealista, que acabava cansada, desesperada, e que no final careciam de mais ajuda do que aqueles a que cuidavam (Queirós 2005).

Para assinalar este particular estado mental de exaustão, Freudenberg, utilizou uma nomenclatura que era habitualmente empregue quando pretendia referir-se ao efeito crónico de abuso de drogas, o burnout (Queirós 2005). Burnout, segundo Queirós (2005), é uma nomeação que pode ser representada por falha, “desgaste por fora”, queimado por fora, exaustão por gastos excessivos de energia, força ou recursos, ou por estoiro. A sintomatologia aparece, na década de 80, em grupos profissionais que à partida, não se imaginaria “grupo de risco”, pois tratava-se de profissionais com tarefas consideradas vocacionais e aparentemente gratificantes para os próprios, tanto a nível pessoal como social.
Em estudos realizados sobre stress em profissionais, foram obtidos como resultados, que as profissões mais afectadas pela síndrome são: Enfermeiros, Professores, Polícias. Segundo Vives (1994), citado por Queirós (2005) é possível associar ao stress entre os enfermeiros, os seguintes factores: ambientais; relacionais; organizativos e burocráticos; profissionais e inerentes ao desempenho; relacionados com a pressão e exigência; manifestações emocionais; manifestações comportamentais; manifestações físicas.
No entanto é possível prevenir a ocorrência desta síndrome, utilizando, segundo Queirós (2005), três estratégias: no plano individual, no apoio social e métodos institucionais (organizacionais).

CONCIDERAÇÕES FINAIS

Podemos entender Burnout como o resultado de uma interacção negativa entre o local, a equipe de trabalho e os utentes. Fica clara a ponderação do bem-estar e a saúde do indivíduo no trabalho, pois é no trabalho que se passa a maior parte do tempo.
A qualidade de vida está directamente relacionada com as carências e expectativas humanas e com a devida satisfação destas. Perante isto, torna-se relevante elucidar os Enfermeiros para que não abdiquem do seu espaço bem nobre e merecido, com devido reconhecimento e respeito de todos os profissionais de saúde e sociedade em geral.

Assim sendo, não obstante tudo o que foi referido, remato com a uma mensagem imprescindível à introspecção de todos os Enfermeiros citando Sartre… "ninguém tem culpa do que fizeram de nós, mas todos somos responsáveis por aquilo que fizermos com o que fizeram de nós" (Lopes, 1997).





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Médicos precisam de tratamento



Os médicos enfrentam uma espécie de novo demónio da Medicina, que, desta vez, ataca na própria profissão. A síndrome de Burnout, que afecta milhares, é responsável por comportamentos incorrectos, abstencionismo ou irritações, mas também por vidas familiares degradadas, dependência de drogas ou alcoolismo.

A Ordem está a preparar o lançamento, em Coimbra, da primeira equipa de ajuda no país. Um grupo de ajuda com quatro especialistas vai ser formado naquela cidade para ajudar os médicos que padecem de um tipo de esgotamento responsável por efeitos devastadores nas suas vidas privadas e na profissão. É uma experiência pioneira em Portugal, que visa apoiar os clínicos em situação declarada de exaustão.
A síndroma de Burnout é um quadro de fadiga provocada pela actividade específica dos médicos. Confrontados com a desgraça física e mental no seu dia-a-dia, uma percentagem que pode oscilar entre os 20 e os 40 por cento, segundo os primeiros estudos que já foram concluídos, sofrem deste problema.
A síndroma de Burnout é um quadro de fadiga provocada pela actividade específica dos médicos. O problema foi identificado e, agora, segue-se a aposta no ataque a uma doença que afecta “muitos médicos e conduz a comportamentos e acções menos desejáveis numa actividade que é muito exigente e requer muita saúde”, diz António Reis Marques, presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, que vai avançar com a primeira medida de ajuda aos clínicos afectados. Uma equipa de voluntários formada por quatro especialistas de reconhecida qualidade estará dentro de pouco tempo, pelo menos um dia por semana, disponível para atender o telefone, na sede da Ordem, em Coimbra, garantindo a confidencialidade de quem procura ajuda. Esta iniciativa vai ser discutida e lançada amanhã, numa sessão que a própria Ordem dos Médicos promove, visando recolher contributos para um modelo de funcionamento desta equipa que seja o mais adequado. Entre os problemas que se colocam na acção desta equipa avulta a absoluta necessidade de “preservar o médico”, explicou Reis Marques.
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1 comentário:

Rute disse...

Por favor corrijam a palavra "concideração", para consideração. Não é legal uma palavra grafada com erro, mas enfim todo mundo erra. Ruth